Emprego em alta a partir de agosto e setembro
18 de outubro de 2024Como dissemos no artigo anterior, 2024 tem mostrado oscilações durante todo o ano para contratações na indústria para média e alta gerência. Um mês as contratações aumentam, no mês seguinte esfriam. Essa oscilação tem como pano de fundo o baixo crescimento da China e da Europa de forma geral, as indefinições de política fiscal, monetária, número de falências e de recuperação judicial e fuga de capitais no Brasil.
Seguindo o que vínhamos dizendo há tempos, desde 2023, nosso crescimento em 2024 está baseado no mercado de consumo de não duráveis e serviços, na retomada de atividades pós pandemia, nas contratações do setor público para as eleições municipais, e no excesso de gastos federais em fundos de “auxílios para a população de baixa renda”, os famosos planos de transferência de renda.
O crescimento do PIB em 2024 já foi revisto para cima, de 2 % para 3,2 %, contratações com carteira assinada batendo recordes, mesmo que metade dessas contratações estejam ocorrendo principalmente no Sul e Sudeste do país. Agosto foi um mês de crescimento no volume de contratações para média e alta gerência, depois de julho fraco, e setembro morno. Em outubro as contratações estão em ritmo acelerado, mas em novembro e dezembro não dá para apostar ainda.
O varejo com medo vem reagindo a conta gotas, mas deve fechar o ano com crescimento entre 4% e 5 %, o que é bastante razoável. No entanto, o nível de confiança dos varejistas na economia continua baixo devido a essas oscilações no consumo, aumento da inflação e investimentos adiados. As vendas de automóveis, por outro lado, e toda a cadeia automotiva vem crescendo surpreendentemente, vendas de máquinas e equipamentos reagindo, importações de bens de capital também, agroindústria e exportação de grãos descapitalizada, inflação e juros começando a assustar.
Ou seja, a casa da mãe Joana se instalou na economia mundial e nacional. Mesmo no agronegócio, temos empresas desligando e enxugando custos e empresas contratando. A procura por profissionais de alta performance se instalou definitivamente e a vez dos executivos de maior idade chegou. Estamos recolocando profissionais acima de 60 anos com relativa facilidade e recolocando executivos cada vez mais rápido. A falta de mão-de-obra especializada na indústria só aumenta, assim como os pedidos de demissão por melhores ofertas.
Os perfis técnicos de engenharia de manufatura estão com a maior demanda, assim como a área contábil financeira e vendas e marketing B2B. Os profissionais de tecnologia, diretores de forma geral e CEO´s voltaram a ter boa demanda, mas os desligamentos também aumentaram em vários segmentos (corte de estrutura e custos). Os únicos segmentos que permanecem crescendo sem variações durante o ano todo, são principalmente os setores agropecuário, petroquímico, mineração, farmacêutico, alimentos, cosméticos, higiene pessoal, telecomunicações e construção civil.
O grande destaque é o Estado de São Paulo, cuja economia cresce o dobro do país em todos os segmentos, sem oscilações, e com investimentos em alta, seja em infraestrutura, saneamento, manufatura, importações e exportações.
Os vilões para os próximos 6 e 12 meses serão: a dívida bruta do país em crescimento, déficit fiscal alarmante, a falta de mão-de-obra, a crise climática, a ascensão dos juros e inflação. Ainda assim, o pior de tudo é a falta de perspectiva de planejamento e política industrial de médio e logo prazos, o que afugenta capitais, seja na Bolsa ou investimento direto.
Como dizem os chineses, “cada tempo as suas dores”.