2024. A hora e a vez do primeiro emprego e dos executivos acima dos 55 anos.
9 de dezembro de 2024Dezembro de 2024 foi um mês fraco de contratações na indústria. Após o dia 20 o mercado parou de contratar, embora as fábricas continuassem funcionando.
2024 foi um ano tenso, empresas globais fazendo desligamentos para ajustes pontuais na estrutura em todo o mundo e em todos os segmentos, o ano todo. Brasileiros expatriados voltando, o mercado contratando, mas com baixa oferta de mão-de-obra, um sufoco. Previsão para um PIB de 3,5 % em 2024, mas o número exato só saberemos em março.
Começamos a sentir o desaquecimento da economia no último mês do ano de 2024. Sempre que a taxa de juros SELIC passa de 11 ou 12 %, a economia começa a frear. Em dezembro já tivemos menos 536 mil vagas no mercado com carteira assinada. Um mês que normalmente é positivo em contratações. Com os juros da SELIC agora em 13,25 %, as projeções são de mais desaquecimento neste início de ano.
Em janeiro de 2025 as contratações permanecem fracas, os headhunters e as empresas só voltaram a contratar a partir da segunda quinzena do mês, retomando as vagas abertas ainda no final de 2024 principalmente no Sul e Sudeste com 40 % do total.
Como o mercado fechou o ano com mais de 1 milhão e meio de vagas com carteira assinada, o consumo ainda está aquecido, as contratações se concentraram em bens de consumo não duráveis e semiduráveis: alimentício, farmacêutico, higiene e limpeza, metalúrgico, automotivo, agro, energia, saneamento, mineração e petroquímica.
Em São Paulo e Estados do Sul principalmente o mercado de equipamentos esboçaram uma reação também principalmente nos investimentos de equipamentos de mineração e petroquímicos, mas muitas vagas de projetos de longo e médio prazo foram congeladas por insegurança frente as definições de política monetária e fiscal do governo para 2025.
Estamos tendo recorde de arrecadação de impostos, mas o governo continua gastando mais do que arrecada. Esse déficit fiscal deve aumentar já que a arrecadação de impostos tende a cair em 2025.
O cenário das contas públicas desenha um grande problema pela frente no segundo semestre, todos os indicadores de investimento, dívida pública, inflação, câmbio e juros continuam muito ruins e sem sinais de solução macroeconômica de curto prazo. O número de empresas em recuperação judicial em 2024 subiu 66 % em relação a 2023. Um espanto! O número de empresas em recuperação judicial em 2024 foi 22 % maior que 2016, o ano da pior crise econômica que o Brasil já teve, o ano do impeachment da Dilma. Teremos tempos difíceis na indústria de transformação.
Os cargos mais procurados para alta gerência continuam sendo: gerência financeira e controladoria, gerência industrial, desenvolvimento de produtos, comercial, vendas e marketing, engenharia de projetos, logística, ecommerce e tecnologia. Gerência Geral e Diretoria de Operações de forma genérica, estão exigindo profissionais mais generalistas e com histórico de resultados consolidados. Quem não tem como provar o histórico de sucesso está sendo relegado.
Em resumo, a economia entra em desaceleração lenta e constante, e as contratações também, com exceção dos mercados de consumo e semiduráveis, serviços, logística de distribuição e agronegócio, mineração e energia, já que os executivos de primeira linha continuam em falta, facilitando a recolocação rápida para aqueles que possuem currículos consistentes.
A economia global continua desaquecida principalmente na Europae América do Sul, salvo exceções, e o novo governo Trump não deve facilitar a vida para ninguém.
Nosso mercado doméstico está chegando à exaustão nesse crescimento forçado unicamente com expansão monetária (gastos do governo de forma desordenada): baixíssimo nível de investimentos estruturais, dívida pública crescendo, déficit público persistente, estatais no prejuízo, dívida da previdência social com déficit anual crescente (essa bomba atômica ainda vai explodir, mas ninguém toca no assunto).
As projeções de PIB para 2025 vão de 1,5 % a 2,0 % de crescimento, o que ninguém mais acredita. O agronegócio continua bem em 2025, exportando, contratando e ajudando o PIB, mas vai continuar faltando mão-de-obra, tanto operacional quanto gerencial. Quem quiser sair fora dos grandes centros metropolitanos não terá problema de emprego.
Quem quiser emprego próximo de casa vai disputar as melhores vagas nas regiões industriais, leia-se Sul e Sudeste do país. Melhor para os executivos mais seniores, que voltam a ter um lugar ao sol.
Quem viver verá.