
Mercado para alta gerência no primeiro trimestre de 2025
3 de fevereiro de 2025Como todos sabem, contratações com carteira assinada medida pelo IBGE e a taxa de desemprego medida pelo CAGED (quem está à procura de emprego), não andam na mesma intensidade entre cargos operacionais e contratações para média e alta gerência, seja na indústria, comércio, serviços ou agronegócios.
Os cargos técnicos operacionais e especializados seguem a demanda semanal do varejo por reposição de estoque, com vendas aquecidas, e os cargos gerenciais e de diretoria seguem outra dinâmica, a estratégia das empresas com a demanda agregada, ou seja; consumo X investimento X gastos do governo X balança comercial. Podemos ainda acrescentar um quinto item nessa equação que são as mudanças climáticas no campo, pois o agro responde por 33 % do PIB e da geração de emprego.
Porém, em fevereiro tivemos recorde de clientes recolocados para média e alta gerência, depois de 2 meses fracos, dezembro e janeiro, conforme publicamos no mês passado. Processos de seleção que vinham cozinhando em banho maria desde novembro, com maioria das contratações ficando para início em março. Lentidão nos processos de seleção para cargos estratégicos é a palavra de ordem neste momento.
As Gerências médias com salário entre 18.000,00 e 23.000,00 ainda estão com bom volume de contratações. A partir daí a quantidade de vagas começa a diminuir e é uma tendência geral, embora alguns cargos consigam ficar fora disso, como diretoria financeira, comercial, logística, vendas e marketing.
O mercado de consumo continua aquecido. O comércio varejista, a despeito da inflação subindo 1% em fevereiro, continua vendendo bem, mas desacelerando nas contratações junto com o segmento de serviços. O culpado? Preços altos e perda de poder aquisitivo da classe média.
Isso mostra claramente o pessimismo dos empresários, a desaceleração da economia chegando e decisões estratégicas difíceis de serem tomadas quanto à contratação de gerência sênior e diretoria.
A boa surpresa foi a indústria de transformação, que contratou em janeiro mais cargos técnicos especializados que comércio e serviços juntos, algo inédito desde o início de 2023 quando começamos a política expansionista fiscal e monetária. Por isso a maior parte das contratações no país continuam nos Estados do Sul e São Paulo, que ficam com mais de 60 % de todas as contratações na indústria. Apenas a agroindústria tem contratações mais distribuídas em todo o país, e mesmo assim os Estados do Sul e São Paulo representam 40 % das contratações.
Como todos sabem, dezembro tivemos perda de 500 mil empregos com carteira assinada em todo o país, e janeiro ficou com 137 mil novas vagas, quando o mercado projetava um terço disso. Erraram todos? Não, apenas que as expectativas e as estratégias do varejo mudam a toda hora em função das decisões do governo de plantão para enfrentar a Selic em alta, a inflação galopante e o pessimismo do varejo com mudanças nos hábitos de consumo das classes B, C e D.
Mas porque a indústria contratou mais que os outros segmentos em janeiro? Vai continuar em fevereiro e março? A Indústria de bens de consumo lidera as contratações e a indústria de equipamentos surpreendeu, puxada pelo setor automotivo, que possui taxa de juros diferenciadas com os Bancos das montadoras.
Resumindo, o mercado está adiando investimentos até em função da estratégia Trump no comércio mundial, janeiro foi mês de reposição de estoque e fevereiro se acomodou num ritmo menor que a média de contratações de 2024. Teremos contratações com carteira assinada na faixa mensal de 70 a 100 mil vagas mensais por alguns meses, poucos meses, novamente puxadas pela indústria, com varejo e serviços caindo. O Agro deve retomar o volume maior de contratações a partir do final do segundo trimestre, diminuindo a desaceleração do restante da economia.
E o governo promete injetar dinheiro do FGTS para estimular a economia, agora em março, jogando mais lenha na fogueira. Uma tragédia anunciada.