Mercado de Trabalho – Trago boas e más notícias
22 de outubro de 2024A montanha-russa continua, apesar do volume recorde de contratações em cargos operacionais, as vendas de varejo caminham bem, mercado de semi-duráveis melhorando neste final de ano, boas vendas em volume e faturamento, mas nossa produtividade é das piores do mundo. E se a produtividade não cresce e os impostos não caem, continuaremos patinando, voo da galinha, como sempre, há 50 anos. Mas em commodities somos imbatíveis, dirão os otimistas.
No inicio do mês passado, retratando o mercado de setembro, fizemos uma publicação dizendo em resumo: “Os perfis técnicos gerenciais de engenharia de manufatura, logística de fábrica e distribuição e.commerce estão com a maior demanda, assim como a área contábil, financeira, tecnologia, vendas e marketing B2B e B2C. Os profissionais de tecnologia, diretores de forma geral e CEO´s voltaram a ter boa demanda, mas os desligamentos também aumentaram em vários segmentos (corte de estrutura e custos).”
Os segmentos de serviços e varejo estão contratando a maior parte dos cargos operacionais porque somos uma economia de serviços, e o crescimento está no consumo, na injeção de dinheiro público na economia. Grandes grupos fecham lojas e grandes grupos concentram vendas em lojas superavitárias. Na natureza nada se cria, tudo se transforma e as vagas de serviço predominam em facilities, turismo, entretenimento, Feiras & Exposições, hotéis, bares e restaurantes, profissões liberais e por aí vai.
O Brasil cresce em 2024 mais que a maioria dos países do mundo. Então qual o problema? O Problema é a gestão da economia, crescimento de gasto, consumo sem lastro e sem objetivo de longo prazo. Se tudo se confirmar, o volume de vagas continuará aumentando e o cancelamento de vagas também. Mas, por quê? Até quando?
As contratações aumentam em números excepcionais, mas as falências e RJ´s também. O seguro-desemprego aumenta porque os profissionais pedem demissão para ganhar mais ou viram PJ ou montam MEI. No mercado formal, na ponta do varejo, lojas fecham e lojas abrem. Nada de novo, o bolo não cresce, só muda de mãos. São 70 milhões de pessoas produtivas sustentando os outros 150 milhões que nada produzem.
A massa salarial cresce, mas a inflação também. Tudo dito, tudo previsto, tudo se confirmando. Os salários têm aumento real de 2,5 % em 2024, mas a carne aumenta 35 %. É uma conta que não agrada ninguém.
O mercado de serviços, voltado para a indústria de transformação de bens não duráveis e semiduráveis, mantém o otimismo e as vendas da cadeia automotiva crescem 12 % também. As margens estão apertadas e a guerra por marketshare avança em todos os segmentos, seja B2B, B2C ou B2S (serviços), tanto faz.
Esse crescimento artificial, de política econômica sem lastro fiscal e aumento de impostos, está injetando um dinheiro que não temos, numa economia com gargalos na logística de infraestrutura e falta de mão de obra qualificada. Estamos esquentando o sapo vivo na água quente. Tudo dito, tudo previsto, tudo se confirmando.
Teremos apagão de crescimento novamente em 2025 ou 2026, como foi em 2015 e 2016? Déficit fiscal imenso, taxa SELIC crescendo e gargalo nos canais de escoamento das cadeias produtivas.
Ainda dá tempo de consertar o estrago? Depende, a manchete do Jornal Valor Econômico de hoje diz: FUSÕES E AQUISIÇÕES NO SETOR DE INFRAESTRUTURA TEM ALTA DE 150% (US 17 bilhões em 2024, ou seja, nada). Mas a maior parte dessas fusões são empresas mudando de mãos, reposicionamento acionário, não necessariamente investimentos novos. A área de leilões sim, começou a caminhar nos Estados, em poucos Estados. As exceções nos Estados não é a regra na esfera federal. Quando vejo manchetes como essa e os assuntos que estamos discutindo na imprensa e no Congresso, fico com uma única certeza: Tudo dito, tudo previsto, tudo se confirmando.