
Mercado Alta Gerência 2025. Estamos doentes; empresas e executivos.
3 de abril de 2025O mundo ainda sofre os efeitos da pandemia, desarranjo fiscal, inflação alta e PIB em queda, abaixo da média dos últimos 10 anos. Europa e China demorando a reagir, e aqui no Brasil cargos especializados seniores de fabricantes multinacionais com 10 anos de formados estão pedindo demissão. 45 % dos pedidos de demissão são para montar negócio próprio.
De 2021 para cá, o pós pandemia mudou o mundo radicalmente, as empresas, as relações de trabalho, tudo mudou e temos que entender o que está havendo. Um engenheiro sênior de multinacional, inglês fluente com 10 anos de formado e ganhando 10.000,00 CLT, (sobra um líquido de 7.500,00), não consegue sustentar uma família com 1 filho ou dois.
Esses jovens com carreira promissora buscam seu próprio negócio, independência financeira, mas a maioria não tem perfil empreendedor, muitos vêm até nós para pedir conselho, depois de queimarem reservas e querendo voltar ao mercado. Se forem vários anos fora do mercado, mais difícil e demorada é a volta ao emprego CLT. Para os profissionais administrativos é mais difícil ainda.
A carreira em multinacionais na área fabril não atrai mais os jovens casados na faixa entre 30 e 35 anos formados nas boas Escolas e Faculdades de ponta. E se a reposição fica quase impossível por falta de mão-de-obra querendo emprego em fábrica, o que fazer? Como as empresas vão sair dessa? Difícil equação. Difícil responder, a não ser investir em formação, educação, treinamento e promoção dos mais jovens.
Com isso temos um cenário difícil de prever, os empregos operacionais e cargos especializados continuam faltando nas Cidades, falta mão-de-obra especializada no agro tecnológico, e sobra média e alta gerência desqualificada em todo o país. Algumas empresas recorrem aos mais velhos, mas essa solução não serve para todos os cargos nem todas as situações de fábrica.
A geopolítica mundial deixou todos desorientados, empresas e cidadãos buscando soluções, luta acirrada ente os dois lados: ocidente X oriente, esquerda X direita, liberalismo X socialismo. Economia e política se misturam, produtividade caindo, inflação alta disseminada no mundo todo, salários perdendo valor.
A retomada do crescimento mundial está lenta, mas começando a melhorar. No Brasil estamos no caminho inverso, desaquecendo desde 2022, saímos de um PIB de 4 % para 3,8 %, depois para 2, 8 % e este ano deveremos fechar em 1,8 ou 2 % de crescimento.
O emprego segue a mesma trajetória, contratações em queda para média e alta gerência. Março foi muito bom de contratações, vagas represadas desde dezembro, mas abril foi muito fraco. Um mês é bom, outro ruim. As empresas crescem pouco ou não investem com essa incerteza toda, inflação de produtos essenciais explosivos, baixa produtividade, investimento sobre o PIB de 16 % quando deveria ser de 24 % no mínimo e SELIC na casa de 15 % em maio.
Vejam que 8 % do PIB é algo como 800 Bilhões a menos de investimentos em infraestrutura, o que é exatamente o número que estamos pagando de juros sobre a dívida externa do país. Estamos trabalhando para pagar juros que o governo cria emitindo moeda e gastando mais que arrecada. É um convite à recessão. O barco está fazendo água.
Os desligamentos aumentaram muito em abril, principalmente em grupos mundiais reestudando e enxugando estrutura de comando, compra e venda de participações e negócios com bastante força no Brasil, o que significa mais enxugamento de estrutura, economia patinando na Europa, e agora o fator Trump adiando as expectativas de retorno à normalidade. O mercado suspende investimentos e adia contratações. Essa é a nova ordem das companhias globais em 2025.
No segundo semestre e a partir de agora, o Brasil deve se sair bem nessa guerra tarifária dos EUA, os preços das commodities se recuperando, dólar se estabilizando momentaneamente e bolsa subindo, porque o agro nacional está em recuperação, com boa safra, e novamente vai segurar boa parte do nosso crescimento via exportações em 2025.
O setor de máquinas e implementos se recuperando com vendas 15 % maior desde janeiro, depois de amargar 2 anos de queda forte. Nem o setor de bens de consumo não durável foi bem nesse primeiro quadrimestre terminado em abril. Projeção para maio e junho fechando o semestre com contratações crescendo só nas áreas financeira, tecnologia e marketing digital, cyber security, industrial, construção civil, saneamento e energia. Autopeças com vendas esfriando, varejo e serviços andando de lado.
Segmento de mineração, logística intermodal e portos em fase de atração de investimentos internacionais (novos leilões acontecendo), São Paulo se destacando do restante do Brasil nos investimentos, acompanhados de perto pelos Estados do sul, SC, PR e RS. Nada de novo, falta liderança e vontade política, sobra incompetência.