
O Brasil e o mundo pós pandemia: Para onde vai o mercado de trabalho no Brasil?
5 de maio de 2025O mercado mundial está cortando estrutura, com impacto nas grandes corporações e suas posições chaves no Brasil e LATAM, para ficarmos na análise do nosso quintal. Alguns são profissionais menos flexíveis e com remuneração acima da média (?), dizem as empresas. Vamos entender isso.
No início do ano falávamos da oscilação do mercado de contratação para média e alta gerência na indústria. Um mês é bom, outro nem tanto. Sinais perturbadores contribuíram para isso, seja ao nível de economia mundial ou nacional. Uma hora é o ajuste fiscal que nunca chega, outra é o tarifaço do Trump, ora o aumento do IOF, guerras que não terminam e que afetam a logística mundial, afetam preços de commodities minerais e agrícolas, câmbio, juros, e por aí vai. Cenário nebuloso que dificulta o planejamento estratégico de empresas e governos.
Voltando aos desligados por tempo de casa que são o alvo principal dos ajustes na indústria mundial e nacional. Resta aos profissionais atingidos, serem mais abertos geograficamente na busca pelo novo emprego. Abrir a busca para mais regiões aumentam as chances, mas não é o que todos querem.
Nas regiões metropolitanas todos querem trabalhar perto de casa, há mais emprego, mas a competição é maior e ninguém está satisfeito com o momento interno nas organizações, e quem está trabalhando também busca emprego mais desafiador ou menos estressante, emprego mais perto de casa evita excesso de mobilidade e permite mais tempo com a família.
Quanto aos empregos híbridos, só valem para cargos administrativos. Quem trabalha na área de manufatura não tem essa alternativa, mesmo em cargos de gerência sênior e diretoria. Muitos me perguntam se as vagas estão diminuindo nesses cargos superiores e eu digo que sim, temos mais desligamentos e menos contratações em cargos de alta gerência em 2025, empregos de menor remuneração crescem a cada dia e empregos na forma PJ crescem também. É a consequência de uma economia sem rumo e em crescente desaceleração.
As projeções para o PIB brasileiro em 2025 vão de 1,8 % de crescimento a 2,8 %, e já estamos no meio do ano. Impressionante a imprevisibilidade da dinâmica nacional, mas o mundo também está assim. Até maio o PIB e a economia reagiram bem, mas o efeito gangorra permanece aí também, um mês a indústria de bens de consumo cresce, outro mês a indústria de equipamentos fica negativa. Certeza só a diminuição do ritmo de crescimento no segundo semestre e a diminuição das contratações. Quem quiser unir busca de emprego com menos deslocamento deve ter paciência e buscar novos desafios enquanto empregado.
A boa notícia é de crescimento consistente até maio, talvez até junho, gerado única e exclusivamente pelo aumento do emprego formal movido a benefícios sociais e crescimento da agroindústria que subiu 12% no quadrimestre e permanece em abril e maio. Os Estados mais industrializados do agro encabeçam a lista de crescimento de vendas e contratações acima da média nacional. Sul e Sudeste geram mais de 65 % dos empregos no país.
Com esse cenário confuso e não promissor, as empresas buscam mais market share para se garantir, os executivos são cobrados e andam mais estressados em função dos desafios e metas quase impossíveis de serem alcançadas. O sonho de morar perto de casa continua crescendo, precisamos desestressar. Ninguém que ficar 3 a 4 horas em deslocamento diário para ir e vir do trabalho, com risco de acidentes e custos maiores que nem sempre a empresa pode arcar. A busca por qualidade de vida é mais importante que a remuneração corroída pela inflação? Para muitos a resposta é sim, mas onde buscar, como buscar?
Para média alta gerência, os Estados do sul oferecem mais opções na indústria de transformação, agroindústria, comércio e serviços. Sem o agro já estaríamos em recessão, o país está cada vez mais dependente da cadeia de produção e exportação agrícola e agropecuária. Os Estados do Sul / Sudeste tem baixíssima taxa de desemprego e aí falta mão-de-obra qualificada.
Quem quiser emprego, nível gerencial e diretoria, deve estar aberto para mobilidade nesses Estados. Isso é irreversível, pois a desconcentração industrial no país está em curso. O mercado de trabalho nas áreas metropolitanas é sempre mais atrativo, mas continua com alto nível de desligamento estrutural que falamos acima, mesmo nos Estados do Sul e Sudeste. Parece o samba do crioulo doido.
Para quem está muito tempo na mesma empresa sugiro se preparar e medir o mercado, se preparar para surpresas não esperadas e economizar nas finanças. Tempos de mudança e indefinições exigem atenção e preparação. Eu sempre digo que não gosto de surpresas, imagine as surpresas ruins.