
Vale a pena ficar mais de 10 anos na mesma empresa?
10 de junho de 2025
MAX TAVARES ENTREVISTA ADILSON MIRANTE: O MERCADO DE TRABALHO DA ALTA GESTÃO
10 de julho de 2025Há dois meses fizemos uma radiografia das contratações 50 + e 60+. O cenário de contratação para média e alta gerência deve melhorar no segundo semestre, embora estejamos contratando menos 30 % comparado a 2024, e o segundo semestre de 2025 parece desafiador. O mesmo problema é para qualquer cargo C-Level. O mercado está desaquecendo, mas o segundo semestre sempre é melhor que o primeiro.
Sabemos que a economia não está bem, e se há algum sinal de vitalidade na indústria, é na indústria de bens de consumo de primeira necessidade, que ocorre exclusivamente por expansão monetária: pagamentos de benefícios sociais crescentes; precatórios; contratações no setor público; aumento da renda na economia formal e contratações com carteira assinada ainda positivas, mas caindo.
A indústria de máquinas e equipamentos já anda de lado desde o ano passado. O PIB deste ano deve ficar em 2,2 %, (crescemos 1,9% no primeiro semestre, graças ao agro, e no segundo semestre sobra pouco para crescer). Isso segura a inflação, já em queda a partir de junho, fruto da taxa Selic se mantendo em 15 %.
Dito isso, o crédito está proibitivo no varejo para o consumidor, e 92 % das médias e pequenas empresas vivem de capital de giro ou antecipação de recursos para funcionar. Por isso a economia está desaquecendo e os investimentos industriais diminuindo. Não é por outro motivo que a indústria de equipamentos sofre com vendas em queda desde o segundo semestre de 2023.
A inflação de serviços deve continuar segurando a queda da inflação, ainda longe da meta do Banco Central de 3 %. Fecharemos o ano com IPCA entre 4,9 e 5,6 % e novamente o agro vai nos salvar, arrefecendo a subida de preços no segundo semestre.
Esse cenário mostra a economia formal sustentando a economia informal, somos 39 milhões de autônomos ou CNPJ individual. E aí está um grande contingente de trabalhadores 50 +.
A participação dos profissionais 50 + no consumo brasileiro responde por 24 % e caminhando para 35 % nos próximos 15 anos. Sabemos que 7,5 % dos trabalhadores formais tem mais de 60 anos, e no mercado de alta gerência esse número sobe para 35 % …e continua subindo.
A renda média desse público também é maior que a média nacional geral em 15 %. Na alta gerência esse número também sobe, e sobe muito, mas isso já sabemos. O que não sabemos é que esse público está voltando ao mercado por ausência total de mão-de-obra disponível para contratação no mercado industrial no Sul / Sudeste e Centro Oeste do país.
Algumas empresas já utilizam essa mão-de-obra de forma institucional, mas a maioria das empresas está descobrindo isso depois da pandemia, fruto da escassez de profissionais de experiência gerencial.
Fica mais barato contratar um executivo sênior disponível, que buscar outro profissional na concorrência a peso de ouro. É duro dizer isso, mas é o que está ocorrendo. E são contratações PJ, mesmo em grandes indústrias e até em empresas multinacionais, contratados como Consultores ou como Interim Management. Metade dessas empresas ainda pagam o equivalente a férias e décimo terceiro e assistência médica. A outra metade nem isso pagam. Essa é nossa prática aqui na M1 recolocando executivos 60 + em todo o Brasil, ou no Sul / Sudeste para ser mais exato.
A produtividade da economia parou de crescer mesmo na agroindústria e na agropecuária, que sempre foi campeão de produtividade. E a sazonalidade que vínhamos falando há vários meses continua também, um mês é bom de contratação, outro mês é mais fraco.
Haja coração.